terça-feira, 13 de março de 2012

POSEDOW ou POSES COMPULSÓRIAS: Como tirar melhor proveito?

 Por Célio Ramos

 “Aquele cara se acha! Faz um exercício e se olha no espelho fazendo pose.” Quem nunca ouviu alguém taxar ou taxou de narcisista ou vigoréxico aquele que faz poses em frente ao espelho que atire o primeiro halter – só tenha cuidado com o espelho – objeto que sempre gera polêmica, comentários e julgamentos até maldosos. Pois bem, este artigo irá tratar do que chamamos de posedown – ou poses compulsórias – dando sentido ao espelho tanto para os que amam quanto para os que odeiam. Assim, entenderemos o porquê das poses e ainda ampliaremos o conhecimento do que existe nos bastidores fisiológicos, a tempo de diferenciar terminologicamente suas funcionalidades da compulsividade inútil do olhar puramente estético.
Ed Corney. Considerado por muitos, o melhor posador.
   Para fundamentar essa teoria sigo o pensamento de defender com toda força o universo “hardcore” e “underground” da musculação, que serve de base para estilos de vida e objetivos inconfundíveis. Sábios nesse universo, os fisiculturistas utilizam uma técnica de poses realizadas por eles cotidianamente e em competições para análise e julgamento da morfologia corporal, levando em consideração alguns pontos-chave, como a proporcionalidade e a simetria aliadas à definição e ao volume muscular. Com base nesse conceito, começamos a entender que além de tirar cravos e espinhas, o espelho pode ser uma ferramenta importante na rotina de treino, pois, ele está ali para mostrar imagens reais e projetar um reflexo futuro de como podemos melhorar ou especificar trabalhos em nossa estrutura corporal.
  
 Segundo a Federação Internacional de Bodybuilding-IFBB, existem sete tipos de poses compulsórias para homens dentre as quais apenas cinco são utilizadas pelas mulheres na categoria do fisiculturismo “clássico”.

Homens:                                                        Mulheres:

1. Bíceps Duplo Frontalmente;                         1. Bíceps Duplo Frontalmente;
2. Expansão de Dorsais Frontalmente;              2. Peitoral Lateralmente;
3. Peitoral Lateralmente;                                  3. Bíceps Duplo Posteriormente;
4. Bíceps Duplo Posteriormente;                      4. Tríceps Lateral;
5. Expansão de Dorsais Posteriormente;          5. Abdominais e Coxa.
6. Tríceps Lateral;
7. Abdominais e Coxa.          

Ben Pakulski - 4º Lugar Arnold Classic 2012
Debi Laszewski - 2º Lugar Arnold Classic Bodybulding Women's



COMPREENDENDO AS POSES

 Cada pose compulsória é apresentada pelos atletas no palco, na segunda rodada da competição de bodybuilding (Fig. 02), devendo ser realizada e mantida por cerca de 10 a 30 segundos, tempo no qual o músculo desenvolve tensão sem sofrer alterações no comprimento externo ou no ângulo articular. Isso caracteriza as poses compulsórias, cinesiologicamente, como contrações isométricas.
 Por ter grande importância nas competições, os atletas utilizam em suas rotinas de treino o Princípio da Isotensão, onde executam, entre as séries, as poses obrigatórias em frente ao espelho com a finalidade de aprimorá-las técnica e fisiologicamente. Então, que benefícios fisiológicos as poses isométricas podem gerar em nossa rotina de treino para outras metas além da competição?  Muitas! Dentre elas:
  • Maior acúmulo sanguíneo, que aumenta a captação de glicose no músculo, deixando-o, assim, pronto para mais ação;
  • Acúmulo de água no músculo, derivada da ressíntese de glicogênio, aumentando sua definição;
  • Maior recrutamento de unidades motoras, resultando em mais força e resistência muscular;
  • Aumento da propriocepção muscular (consciência corporal);
  • Adaptações no sistema cardiovascular;
  • Ganho de resistência vascular periférica;
  • Maior estabilidade articular.
Branch Warren - 1º Lugar Arnold Classic 2012


 Com isso, percebemos que treinar poses pode gerar adaptações aeróbicas, como o aumento da resistência muscular, e anaeróbicas, como o aumento da captação de glicose pelas células (miócitos). Por exemplo: se utilizarmos o descanso ativo em um treino anaeróbico intervalado, este se tornará mais extenso ao ponto de esgotar a fonte energética primária, passando a utilizar o sistema energético oxidativo (aeróbico). Em contrapartida, se realizarmos as poses isoladamente, terá uma maior nutrição muscular e aumento na ressíntese de glicogênio, ampliando assim o aporte energético-anaeróbico no estado de repouso.
Para que as poses compulsórias não se tornem compulsivas, aqui vão algumas dicas:
  • Definir os objetivos, pois é preciso saber o que se quer;
  • Observar as necessidades do corpo;
  • Respeitar o princípio da sobrecarga;
  • Observar a fase de treino para poder adequá-la a utilização das poses;
  • Tirar fotos para melhorar a técnica de execução e comparar os avanços;
  • Consultar sempre um profissional capacitado.  

Anne Freitas, integrante da equipe Ricardo Pannain Team.



Agora... Cala boca e vai TREINAR!!

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